31 de dezembro de 2010

Para 2011 e para a vida

Ouvir meu coração, quando for para o meu bem.
Ouvir meu racional, quando for para o meu bem.
Não boicotar a plenitude de minha dignidade.
Honrar o meu merecimento.

21 de dezembro de 2010

Interpretando sonhos

O amor queria me levar pra um lugar que eu nunca fui. Era um oceano em forma de banho de mar. Era entrar num íntimo de quem pode se dispor a dizer sim. Era aceitar dividir os tesouros. E os sorrisos. E os segredos. A própria vida. Mas as praias estavam cheias, o transporte era irresponsável e o caminho foi alterado. O sol, como de costume, me incomodava. O mar virou piscina. Piscina com muita gente, pública, constrangedora. A piscina virou pia. Que podia até matar a sede, caso a água não fosse suja. Saí escondida, acenando de longe, porque tenho vergonha. Voltei sozinha e assim fiquei, em meio a pessoas que não mais fazem parte do meu mundo. Envolta pelas barreiras. Nada mais estava sob meu controle. O amor não conseguiu saciar sua vontade.

13 de dezembro de 2010

Por que eu iria ao Festival de Verão...

...na quarta-feira:
Para fingir que conheço o trabalho de Maria Gadú dizendo uns "shimbalaiês" em meio a uma música. Para ter ódio de ver Dinho Ouro Preto tirando a camisa e mantendo a banda adolescente pós-50 anos. Para sentir náuseas com Cláudia Leitte se achando diva. Para prestar atenção no Eva – é, eu dou valor a Saulo, apesar de não aguentar a parte de "minha pequena Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeva" sem fim. Para dançar o rebolation com Parangolé: bota a mão na cabeça que vai começar!
(Ok, tem Otto no segundo palco. Quem tem coragem de enfrentar o esforço?)

...na quinta-feira:
Para encarar de frente o homem mais feio da música nacional (afinal, já descobriram se Belo é traficante ou não?). Para fazer um trabalho de superação pessoal e assistir sem chorar a um show inteirinho da banda "top 1" da minha lista "foguete-para-o-sol": Jota Quest! Fácil, extremamente fácil! Para ver Ivetão quebrar tudo; ela quebra tudo – mas já começo a achar miniesquisita a composição daquilo: tipo, combina mais não, bem... Para tentar descobrir quem são Jorge & Mateus. Para investigar qual foi o pistolão que conseguiu a vaga para A Zorra.

...na sexta-feira:
Para ter exemplo: Tomate é brasileiro e não desiste nunca. Para enlouquecer com a histeria de Ana Carolina e seus gritos, falsetes e descontroles vocais. Para ouvir repetidas vezes que "o Asa arrêa" e todas as músicas construídas sob a mesma fórmula, e para ficar dizendo: oxente, gente, Durval nem canta mais, quem canta é aquele carinha ali de trás. Para comparar o meu culote com o de Luan Santana e ver quem tá em pior estado. Para gritar que Xanddy é gostoso mesmo gorducho.
(Inda tem Jorge Vercilo, Luiza Possi e Cine no segundo palco. Não aguento tamanha emoção.)

...no sábado:
Para ver os Menudos brasileiros e ficar fazendo coraçãozinho com as mãos! Para resgatar a atração-internacional-desenterrada-da-vez (vão dizer quando quem é?). Para temer as brigas dos chicleteiros, os mais fanáticos religiosos da Baêa. Para ficar desgostando o Jammil e falando como eles transformaram uma banda que nunca teve grande expressão numa máquina de dinheiro. Para tapar os ouvidos com a barulheira do Psirico.

9 de dezembro de 2010

Mulheres cantantes

A festa era pra bombar, deveríamos ter curtido todas, mas, sei lá, vai saber, deve ser coisa da idade: ficamos sentadinhas tricotando. Ok, a culpa não foi totalmente da velhice, o negócio não engatou mesmo. Baladinha meeira.

Caso é que, de repente, estávamos numa mesa concorrida, cada vez com mais gente: chegavam, sentavam e saíam seres humanos de todos os tipos - e algumas malas, inclusive. O mundo, no entanto, não acabou, e o papo, como geralmente acontece numa aglomeração de quase-desconhecidos, caiu na música.

Eu e Dona Catarina (que agora tornou-se uma pessoa difícil de ser linkada; não sei se a aponto para o blog profissional ou para o pessoal) éramos das poucas pessoas não-artistas que se revezaram nas cadeiras. Enquanto iniciou-se uma discussão sobre o sexo dos anjos, nós duas falamos de um fato comum: não temos gosto específico por cantoras. Calhou que, sei lá também, a gente prefere os homens nos vocais. Machistas.

Hoje, voltando do trabalho em meu belo buzu, estava cantarolando umas músicas quando me lembrei desta conversa...

Bom, caso é que esta introdução toda só veio para eu compartilhar duas das minhas músicas preferidas (estariam tranquilamente no CD da trilha sonora de minha vida), que me acompanharam, hoje, a caminho de casa, e também em tantos outros momentos e circunstâncias. Acho-as lindas, incríveis. E são cantadas por mulheres. Mulheres com quem já dividi mesa de bar várias vezes. Que estão aqui pertinho, na música soteropolitana contemporânea.


Dueto, da banda Matiz, escrita e interpretada por Mariana Diniz:
Como bem diz Lubisco, Dueto é daquelas músicas de raros momentos de inspiração...





Coração de Maria, da banda Aguarraz, escrita por Fábio Cascadura e interpretada por Roberta Simões:

6 de dezembro de 2010

Segunda-feira

Eu tive um pesadelo cujas imagens me acompanharam o dia inteiro e continuo aqui, firme. Eu senti saudade e tive todos os convites possíveis negados, ainda assim continuo: firme. Estou exausta e fazendo contagem regressiva de quantos dias úteis me separam das férias, e haja raça para aguentar estes próximos 12 compromissados expedientes de labuta. As pendências de dezembro, de 2010 inteiro, ficam piscando em minha frente e respiro fundo para encará-las: e assim tenho buscado eficiência numa rotina de gincana. Assumi o papel de organizadora do amigo secreto da família e de compradora de ingressos do show do U2 - do primeiro, dei conta; do segundo, estou levando rasteira (vou já desistir antes que eu dê um chute no computador). Tenho de fazer mercado e compras de Natal, mas nem sei quando terei tempo (e coragem) - e tem de ser antes de sexta-feira. Não sei onde passarei o réveillon, mas também não estou muito preocupada; no fim das contas, estarei bem rodeada. Além dos peitos doendo, parece que todo o resto é culpa da TPM. Antes fosse.

Tem dias que não combinam com serenidade.

3 de dezembro de 2010

Ciclando

Tenho andando confiante. Uma beleza. Sério mesmo. É bom estar otimista. Geralmente, não sou. Também não sou lá uma pessoa de pessimismo, mas racionalizo demais para ficar serelepe com previsões futuras. Na real, quase não penso nas coisas do amanhã. Sou do agora. Não sei lidar com o que não é ainda. E nem me vinculo ao que não possa ser desistido ou desfeito. Quero estar sempre livre para seguir minhas vontades: qualquer surto, bom ou ruim. Filhos? E se depois eu não mais quiser ser mãe? Como volta atrás?

Fato é que, apesar de muitíssimo cansada e ávida por botar meus pés para cima com a cabeça desocupada, estou leve. O que não é sinônimo de calmaria. Há uma fartura de perguntas que não sei responder. Mas estou cheia de certeza de que, ainda que existam coisas fora do eixo, tudo está no caminho certo. Em algum bom lugar vai chegar. Enquanto isso, vou aproveitando - com a satisfação indescritível de estar redescobrindo, de novo e de novo, a minha liberdade, que é o que tenho de mais forte e íntimo. Eu vivo brincando com esta sina. Não precisar de controle sobre o passo seguinte me faz ser eu.

Meu mais severo compromisso é ser bem-resolvida.
Ou, pelo menos, me sentir assim.

15 de novembro de 2010

Coisas boas acontecem o tempo todo!

Nos últimos dez dias, eu voltei a escrever, repensei posturas, pude oferecer meus ouvidos a Dany, finalizei com sucesso um freela que estava me consumindo, vi um show de Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta, encontrei Nana depois de um tempão (e ela me deu carona pela primeira vez), fui citada de forma emocionante num depoimento público de minha chefe, tive uma conversa de mulher para mulher com minha irmã, tirei folgas a que tinha direito, dancei, revi Rafaela Manzo depois de muitos anos (e botamos o papo em dia), vi minha família inaugurar um novo projeto, cortei o cabelo, depois fiquei loira (pela metade, mas fiquei), comprei roupa nova, fofoquei horrores com Catarina, fui à Praia do Forte, expus minhas pernas ao sol depois de seis meses escondendo-as sob calças e meias-calças por conta das marcas do acidente, tomei banho de mar (e de piscina), fui indicada a um prêmio de reconhecimento ao meu trabalho, fiquei com um carro à minha disposição, comprei as passagens da minha viagem para ver o show de Paul, revisitei memórias e resgatei muitas alegrias.
Sim, elas acontecem o tempo todo!

13 de novembro de 2010

Autoretrato anuncia: enloureci



Não poderia passar pela vida sem a experiência de ser lôra!
Ainda que pela metade... Hehe.

9 de novembro de 2010

Indicada!

Fui surpreendida com a notícia de ter sido indicada ao Prêmio Bahia de Todos os Rocks, na categoria "Mídia Rock", lado a lado com o programa Radioca e o site el Cabong. Sinto-me honrada por saber que meu nome foi lembrado, citado, discutido, escolhido dentre os três finalistas. Sinto-me feliz por meu trabalho contribuir com o rock baiano. É muito doido pensar que esta batalha tão bacana que vivo há mais de quatro anos alcança uma boa repercussão. Tô me sentindo.

Engraçado que há alguns dias, numa conversa com Luciano Matos (o cara que está à frente tanto do Radioca quanto do el Cabong), eu disse que um dos dois merecia ganhar este troféu. Agora veja! Desleal isso, né? É "briga" de dois contra um!

=)

7 de novembro de 2010

A morte de Tom e a minha vida


Quando Tom morreu, eu, além de muitíssimo triste, passei dias seguidos bastante assustada. Eu já não estava bem. E a morte dele foi algo que fez o meu sofrimento chegar à exaustão.

Tom era uma das raras pessoas com quem eu conversava abertamente. A gente nunca fez o tipo amigos grudados, mas estivemos presentes na vida um do outro por muitos anos. Entre tantas farras, andanças, histórias, nos esbaldávamos mesmo quando sentávamos só nós dois, na mesa de um bar ou da piscina do prédio onde ele morava, para falar da vida por horas a fio. A gente descobriu muitas coisas nesses papos. A gente encontrava respostas, filosofava junto. Foi assim que, certa feita, quando eu disse a ele que meus verdadeiros amigos não enchiam a contagem de uma mão, ele perguntou se poderia ser o meu dedo mindinho. E eu entendi que ele seria mesmo sempre um dos meus seres humanos preferidos.

Vi fotos dele no show de Los Hermanos, na Concha Acústica, na noite de 18 de outubro. Ele estava contente, sorrindo. Lembrei que a música que embalava nossos encontros era quase sempre a deste quarteto de que ele tanto gostava. Gostar de Los Hermanos era uma das nossas inúmeras afinidades.

No dia anterior, eu havia ido ao mesmo show e saí extasiada. Foi muito lindo. Imagino então que as últimas horas do meu amigo foram muito especiais.

Ao mesmo tempo que isto consola, me causa uma angústia imensa. A de não saber em que momento a vida estará acabando. A falta de controle sobre a morte é a coisa mais óbvia e mais certa: a qualquer momento, podemos não estar mais aqui. E isto me apavora.

Não tenho medo de morrer, especificamente. Tenho medo mesmo é de estar vivendo a vida errado. Tenho uma fixação descontrolada com isso. De desperdiçar, de não estar sendo intensa com tudo. Até porque, mesmo sendo uma pessoa de alma hedonista, tenho uma tendência ao marasmo. E me sinto obrigada a lutar contra ele.

Às vezes, no entanto, eu me perco. Às vezes, quando vejo, estou congelada.

Quando eu fiquei mais de um ano inteiro apenas trabalhando e trabalhando, dormindo quase nada e alheia à maior parte das coisas do mundo, meu irmão disse para eu ter firmeza, porque valeria a pena e logo melhoraria. Decidi que assim seria. Hoje, minha vida é outra, meus compromissos são outros e posso minimamente desfrutar de minhas conquistas. Trabalho com o que gosto: o que é o melhor e porque é só assim que sei fazer.

Preciso agora, no entanto, pensar em novos desafios. Construir mais. Ser menos enrolada com o que desejo e mais decisiva com meu bem-estar. Quero estar tranquila com as finanças, claro, e não precisar virar noites para dar conta de tudo que assumo. Quero uma vida profissional que sirva para me permitir estar bem. Só isso.

Nos últimos tempos, me dei conta de que tinha voltado a ser uma máquina produtiva. Dia e noite, noite e dia, de domingo a domingo, eu dizendo: tenho que trabalhar. É meio sintomático. Porque não há nada em revolução agora. Simplesmente entrei no ritmo, sem prestar atenção no resto. É meu escape. E não tenho sangue de ser assim. Mesmo adorando realizar bons serviços, mesmo sendo dependente da satisfação de ter resultados elogiados, minha prioridade não é fazer fortuna nem ser a profissional do ano.

- Lembra que você me disse que tranquilamente viveria sem trabalhar?
- Lembro!
- Lembra que você me disse que seria uma dondoca com orgulho? Que pra você trabalhar é só o preço que a gente paga pra poder viver?
- Sim...
- Pra que merda você me falou isso, dona Paula?

Foi o que Tom me perguntou na última vez em que o encontrei. E estava pirado porque achava que eu tinha de certa forma validado as irresponsabilidades dele... Não tive outra oportunidade para dizê-lo que infelizmente a loteria é privilégio de poucos e que não há muita escapatória. A não ser se enfiar no mato e vender artesanato. Não era para ele, não é para mim.

Eu sou urbana, gosto de viagem, de sair à noite e de tomar cerveja. Gosto de comida, de ar-condicionado, de banho gostoso, de ir a shows. Gosto de ler, de escrever, gosto de cultura, gosto de contribuir com boas causas. Gosto de internet, de saber das coisas, de aprender e discutir sobre o mundo. Gosto de estar entre pessoas que admiro, gosto demais de admirar pessoas.

Não tenho um olhar poético sobre a natureza e não costumo me encantar com o verde das árvores ou o azul do céu, mas me emociono profundamente com certas coisas da humanidade. Adoro identificar pessoas como minhas e não consigo deixar de prestar atenção no que imagino que sentem e pensam pessoas que não conheço. Às vezes crio histórias para desconhecidos, acho que adivinho suas dores, e fico sentida. Não que eu me interesse pelas pessoas, a priori. Mas me interesso por sentimentos. Também me instigam argumentos e experiências. Procuro explicações para as coisas e muitas vezes me sinto psicóloga. Adoro teorias, mas também só se puder colocá-las em prática.

Minha vida está nos meus amigos, na minha família e no prazer que tenho de reconhecer a minha dignidade. Participar da vida de quem me escolheu e a quem eu escolhi é uma delícia. Não me preocupo com bobagens, não guardo rancores e não me vinculo ao que não quero. Ignoro solenemente o que acho que merece minha indiferença. Acho que não há por que levar tudo a sério. Só me comprometo com o que amo.

Tenho um olhar positivo sobre as coisas, ainda que eu carregue um mau-humor próprio que me deixa ranzinza, às vezes. Digo sim. Quero que tudo seja o melhor que puder ser. Sou do fulminante. Do até não poder mais. Eu sou uma pessoa apaixonada.

Uma vez, Tom me fez concordar, e repito isso sempre, que a gente se apaixona pelo que a gente escolhe. "A gente não se apaixona por quem a gente não se apaixonaria, a não ser que seja de propósito". Apaixonar-se é também permitir-se e estar disposto.

Me faz feliz estar disposta.
É com isso que preciso me sentir vinculada para viver em paz.
Sem medo de ser em vão.



-----------------------

Minha amiga Rafaela Manzo escreveu um lindo texto para Tom.
Leia aqui.

6 de novembro de 2010

Texto adolescente

Há muito tempo minha cabeça não se enchia assim de tantas perguntas.

Na média, eu sempre estou me avaliando muito, fazendo autoterapia, tentando entender como acabei indo parar onde estou. Mas às vezes acontece de eu desconectar total e ficar num movimento automático, por vezes relaxante, noutras letárgico. Frequentemente isso acontece em momentos de excesso de trabalho, ou de excesso de rotina, ou de excesso de preguiça. Ou outras coisas.

Daí que quando algo estala, a sensação é mesmo de um represa que se abre. A imagem clichê do acúmulo de água transbordando verozmente pode ser tão bela quanto devastadora.

Escrever um pouco - pública ou restritamente - me é a melhor maneira de organizar meus turbilhões. Não sou prática como deveria, nem bem resolvida como gostaria, então eu me anoto, me ordeno e me obrigo a ser feliz como acredito que mereço.

12 de maio de 2010

De morna, só quero a água do banho*

Eu gosto de assistir a filmes no escuro, sem saber do que se trata. Escolho pela cara, pelo jeito, pela categoria, pelo diretor, pelos atores. Jamais leio uma sinopse. Sinopses são uó.

Quando Meryl Streep está no elenco, é certeza de que vou gostar. Sábado fui fazer uma limpa na locadora e peguei Julie & Julia, sem ideia do que viria pela frente. Comecei a ver com o namorado e ele dormiu – e eu fiquei me deliciando com aquela história simples, porém encantadora. O engraçado é que, mesmo com a rotineira enxurrada de elogios e prêmios à atuação de Meryl, esta foi a primeira vez que não a achei fantástica. Sei lá. Eu não esqueci que ela estava lá: eu a via interpretando, sabe como é?

Enfim. Não é disso que quero falar.

O caso é que Julie & Julia, mesmo tão despretensioso, me fez ficar pensando em um monte de coisa. Era eu vendo e ficando reflexiva, feliz, questionadora. Eu gosto do que consigo entender. Não sou uma pessoa de empatia automática.

E lá estavam elas, a Julie e a Julia, cheias de atitudes e desejos que são ou que podiam ser meus. A sede de vida, a curtição dos detalhes, o chamego com o marido, os exageros, os trejeitos, o otimismo de Julia. As inseguranças, a idade, as buscas, as inconstâncias, impaciências, decisões, mancadas, cobranças e superações de Julie. Julie também, assim como eu, se virou como pôde para encontrar maneira de viver com prazer uma profissão que ela não sabia direito qual seria. E, desta vez, ela e eu fomos até o final.

Julie & Julia me fez olhar ao redor, para a minha casa, meu novo lar, com ainda mais felicidade. Ainda mais orgulhosa de estar aqui, rodeada por coisas minhas – escolhidas e arrumadas, cada uma, com todo cuidado e carinho. De estar do jeito que quero, vivendo conforme minhas opções. Nada faz parte de minha casa ou de minha vida por obrigação, porque tem de ser, porque não pensei a respeito ou porque sua permanência não me mobiliza. Eu refaço meus “sins” todo o tempo. É a minha receita preferida, sem nem precisar desossar patos.



P.S.: Na sexta-feira, antes de pegar-ver o filme, o porteiro me avisou de uma "encomenda". Já era noite e estranhei chegar algo àquela hora. Era um presente do casal Robertinha e Peu. Um livro de receitas. Receitas rápidas, fáceis, porém caprichadas, cheias de charme. Ela disse, no bilhetinho, que era para deixar a casa ainda mais gostosa. No dia seguinte, fiz o primeiro teste: uma vitaminha de banana deli-deli-de-mamãe**. Foi a primeira vez na vida que fiz isso, de pegar uma lista de ingredientes e fazer algo de comer conforme alguém ensinou. Estou curtindo horrores brincar de casinha e revirar este livro pra lá e pra cá. Quando vi que o filme era sobre o assunto, me pareceu complô!


* Título inspirado em conversa com Catarina, outra taurina que não sabe viver mais ou menos.

** Façam aí, que vale a pena:
Vitamina de banana
- 1 banana descascada, cortada em 4 (a sugestão é manter a banana madura, já cortada, em um saquinho no congelador, e tirar direto pro liquidificador, para a vitamina ficar mais cremosa e gelada)
- 150 ml de leite
- 1 colher de sopa de mel
- 4 colheres de chá de Ovomaltine
- Meia colher de chá de pó para café instantâneo
Pronto. Bate e bebe.